Não foi porque eu não tive os dilemas de terça. Nesses últimos meses, as distinções do que não é terça, ficaram apagadas demais para serem reconhecidas.
Foi também – mas não apenas – nas tristezas que aprendi que as pausas são partes importantes de todas as narrativas e que cada silêncio também traz consigo um significado.
Aos poucos a gente percebe que há silêncios de escuta, quando a gente abre o peito para experienciar a relação com o outro, o diferente, no diálogo. Também existem os silêncios em que o peito foi aberto pela dor que a gente sente, seja ela de cada um de nós como indivíduo, ou nossa pela empatia.
E em tempos de infodemia, com o bombardeio de informações a todo instante, campo fértil para a desinformação, houve também inumeráveis silêncios. Os silêncios causados pela interrupção e pela ausência, que consomem todas as palavras.
Memorial dedicado à história
de cada uma das vítimas do
coronavírus no Brasil.
Silêncios de vidas ceifadas, interrompidas, que hoje somam mais de 510 mil. E como já mencionei, cada silêncio tem um motivo.
O que me causa indignação é quando inumeráveis tenham uma causa comum que está para além de um vírus, mas está na escolha das políticas públicas de combate à pandemia.
A cadência de palavras são imbuídas de significado, assim como a interrupção de cada uma delas.
E por dar significado às minhas palavras, ainda que espaçadas pelas pausas, escolhi a divulgação científica, especialmente nesse último ano. Ainda que não aqui nos Textos de Terça, elas continuaram em outras plataformas.
Os silêncios também fizeram com que eu mudasse a escolha das minhas palavras e a composição das minhas frases, ainda que informalmente. Nas minhas falas/mensagens, parei de dizer/escrever “Tudo bem?”, porque eu sei que não está tudo bem, mas:
Eu espero que esteja bem e com saúde.
Bom te ver por aqui!
Para saber mais:
O editorial do Blogs de Ciência da Unicamp E quando? traz uma reflexão sobre a importância das políticas públicas no combate a pandemia.