palavra
A palavra palavra tem em si diversos significados. Cada vez mais – não sei se pela caminhada, ou pelos caminhos escolhidos, que inclui o da comunicação – dou importância às palavras e mesmo as ausências delas.
pa·la·vra
sf
1 LING Unidade mínima com som e significado que, sozinha, pode constituir um enunciado; vocábulo.
2 Unidade da língua composta de um ou mais fonemas que, em língua escrita, se transcreve entre dois espaços em branco, ou entre um espaço em branco e o sinal de pontuação.
3 GRAM Unidade que pertence a uma das grandes classes gramaticais, como substantivo (quando expressa um objeto), verbo (quando expressa uma ação), adjetivo (quando expressa uma qualidade), preposição (quando expressa relação) etc. considerando apenas seu significado, sem levar em conta as modificações que nela ocorrem com as marcações flexionais; vocábulo.
4 Manifestação verbal ou escrita: Desde o Natal, não recebo nem uma palavra dela.
5 Grupo de palavras; frase: “As últimas palavras do moço pareciam interessar deveras o negociante, porque este, logo que as ouviu, passou a considerá-lo da cabeça aos pés, e exclamou depois: – Ora espere… O senhor é o Amâncio!” (AA2).
6 Faculdade de expressar ideias, emoções, experiências através de sons articulados; fala: “Agora sentia-se mais eloquente o provinciano; acudiam-lhe opiniões e juízos perfeitamente armados; percebia que as suas palavras causavam bom efeito; ia bem” (AA2).
7 Conjunto de ideias, princípios e conhecimentos a serem transmitidos e que formam a doutrina de uma ciência, de uma religião, de um pensamento filosófico etc.: A palavra de Cristo é seguida até hoje.
8 Discurso, geralmente curto, feito em ocasiões formais e solenes; alocução, oração: No casamento civil, o juiz iniciou a cerimônia com algumas palavras de praxe.
9 FIG Direito ou permissão para falar: Alegando o adiantado da hora, o presidente da mesa negou a palavra ao rapaz.
10 FIG Compromisso ou promessa verbal: Eu lhe dou minha palavra de que isso não se repetirá.
11 FIG Maneira de falar: Sua palavra é convincente e emocionante.
interj
Denota afirmação categórica, convicção: Estou falando sério; palavra!”
Dicionário online Michaelis. Disponível em https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/palavra/.
Culturalmente, ouvimos sobre a força das palavras, ainda que mais a partir de uma perspectiva mais mística do que científica ou social. Seja do poder criador da palavra em que se fariam mundos, ou do impacto de uma bela interjeição, palavras têm consequências.
Palavras constroem mundos, destroem reinos, cadênciam acordos, expressam sentimentos, começam e terminam relações. Palavras impactam indivíduos. Juntas constroem sociedades. Mas elas não fazem isso sozinhas. Linguagem verbal e não verbal andam juntas nos processos de comunicação. E como parte de processos comunicativos, dependem do contexto. Tempo, compartilhamento de vivências para a compreensão do significado, linguagens usadas, gestos, tudo isso faz parte da construção e desenvolvimento da comunicação.
Os espaços também são importantes, sejam eles físicos ou virtuais. As quatros paredes da nossa casa são diferentes do quadrado da tela do celular e trazem formas diferentes de interação e comunicação.
As palavras de gentileza e a gentileza das palavras
Eu ficava em dúvida se o que mais importa é o uso das palavras de gentileza ou a gentileza das palavras. A gente cresce praticando bem a primeira com o uso dos por favor, obrigada, mas a segunda merece uma prática maior.
A linguagem verbal humana é tão importante que há uma ciência que a estuda: a linguística. De acordo com José Luiz Fiorin, a atividade linguística é uma atividade simbólica em que “as palavras criam conceitos e esses conceitos ordenam a realidade, categorizam o mundo”.
O nome também é uma palavra, ou uma locução (conjunto de duas ou mais palavras), usada para designar uma classe de coisas, astros e pessoas, entre outros. A forma como tratamos e somos tratados, como designamos e somos designados é importante.
Recentemente, ao começar um relacionamento, olhei para a pessoa e perguntei:
– Como você gostaria de ser chamado? Seu nome completo? Há algum apelido ou forma carinhosa que você se sinta confortável?
– Meu nome completo. Sem diminutivos.
Simples. Tranquilo. Eu que no início ficava me monitorando para não comprimir em duas sílabas as três daquele nome já as enuncio ritmicamente. Recentemente, só o olhar parecia ser suficiente. Pena que o tempo das mensagens eletrônicas parece endurecer tudo. Devo começar a usar emojis?
Referência
FIORIN, J. L. Teoria dos signos. In FIORIN, J.’L.(org.). Introdução à Linguística: Objetos teóricos .São Paulo: Contexto. 2008. (5ª edição).